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“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque deles é o reino dos Céus. ” (Mateus, cap.4, vers. 4, 6,10).
Nesta bem-aventurança Jesus nos traz um ensinamento surpreendente: felizes aqueles que choram, que querem justiça, que são perseguidos! Como alguém passando por uma situação como esta pode ter algum motivo para estar feliz? Para aqueles que não compreendem este profundo ensinamento, estas palavras parecem sem sentido, para eles, ser feliz é estar de bem com a vida, sorrindo sempre, aproveitando os prazeres da vida, principalmente aqueles de natureza material.
Na verdade, não temos uma bem-aventurança para estas pessoas, pelo contrário, Jesus nos ensina que aqueles que agora riem, irão lamentar e chorar. Mas até estas últimas palavras devem ser entendidas de acordo com os ensinamentos de Jesus. Devemos então compreender o profundo significado deste ensinamento.
Somente com a certeza da vida futura, com a confiança que Deus é infinitamente bom e justo, poderemos entender o motivo dos sofrimentos, e então tudo se esclarece no seu sentido mais profundo.
Em um tópico anterior de nosso curso, aprendemos que todas as vicissitudes da vida podem ter sua causa na vida presente ou em vidas passadas, mas devemos ter sempre em mente que se Deus é justo, esta causa deve ser justa.
Muitas dificuldades são resultado da própria conduta daqueles que sofrem, muitos são vítimas de sua própria ambição, de seu orgulho ou imprevidência. Muitas doenças são resultado de excesso ou intemperança cometidos nesta vida. Pais que não combateram as más tendências dos filhos.
Alguns outros males parecem inexplicáveis quando procuramos sua origem na vida presente: defeitos de nascença, flagelos naturais, reveses que frustram todas as medidas de prudência tomadas, perdas de entes queridos, morte de crianças que só conheceram o sofrimento... Se todo efeito tem uma causa e se Deus é justo, esta causa deve ser justa. E esta causa só poderá então estar em vidas anteriores a esta.
O homem não escapa das consequências de suas faltas, pode expiá-las nesta ou noutra vida. Mas nunca devemos esquecer que se Deus é justo, ele também é misericordioso.
Tudo então tem sua razão, e podemos dizer frente à aflição: “Perdoai-me, Senhor, porque pequei”. Mas na sua infinita misericórdia, Deus nos enviou Jesus que nos ensinou: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”, mostrando que uma compensação espera aqueles que sofrem. Eles estão saldando uma dívida perante a lei, e ao suportar pacientemente e com resignação suas dores na Terra, poupam séculos de sofrimento no futuro.
O Evangelho e as Leis Morais Devido ao esquecimento do passado, daquilo que ocorreu em vidas passadas, não temos o conhecimento consciente do fato que gerou essas dívidas durante a vida presente. As más tendências atuais são o indício daquilo que devemos corrigir. Este esquecimento ocorre apenas durante a vida corpórea, ao voltar à vida espiritual, de acordo com sua condição, o Espírito retoma a lembrança do passado.
Aquele encara a vida terrena como a mais importante, valorizando as sensações e coisas materiais, sofre mais. Já aquele que analisa a vida se colocando do ponto de vista espiritual, vê que a vida corpórea é apenas um momento na sua existência, que passa rápido.
Este momento pode ser difícil, devido ás dívidas que tem a resgatar, mas passa depressa. Encarando a vida desta maneira, o homem dá uma importância diferente às coisas materiais, aceita sua posição, controla seus desejos, aceita as dificuldades, adquirindo calma e resignação e a certeza de um futuro de paz.
BIBLIOGRAFIA Kardec, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.V.