AULA 22 - PROVAS E EXPIAÇÕES
Expositor Arnaldo
Matériel complémentaire
Contenu du cours
INTRODUÇÃO
A Doutrina Espírita nos ensina que não há condenação de penas eternas, mas leis divinas em que, de nosso íntimo, do recesso de nossa consciência é que surge irresistível movimento de progresso pessoal.
Ao longo das diferentes encarnações, nos deparamos com necessárias provas e expiações, como meios de reparação das falhas do passado, cujo enfrentamento e superação nos permitem alçar o caminho do progresso intelectual e moral, sempre rumo a condições mais meritórias de existência.
PROVAS E EXPIAÇÕES
“No curso da evolução, o espírito encarnado é, de vez em quando, submetido a exames pela vida com o fim de verificar o aproveitamento na posição em que se acha. Criam-se situações em torno do indivíduo envolvendo algumas de suas fraquezas, de maneira a despertá-lo. Situações que estimulam fraquezas (ou impulsos inferiores) são denominadas tentações.
A tentação é a situação que revela a posição do Espírito - mostra o que somos, de acordo com as nossas tendências.
Liga-se sempre a uma fraqueza, ou seja, a um impulso ao qual temos dificuldade para resistir: somos tentados onde somos fracos. Por exemplo: a bebida, o sexo, o jogo, o furto, etc.
A prova é um exame que consiste em ser submetido a uma tentação para avaliar o progresso realizado e sua firmeza.
A Lei (vida) prepara as situações de prova, como dizia Adler, nas quais o sujeito, sofrendo uma tentação, passa por uma prova. Esta tem de ser enfrentada e vencida; muitos fogem e são derrotados. ” (RIZZINI, 2003, p.157- 158)
O Livro dos Espíritos, obra organizada por Allan Kardec, nos diz em sua questão número 258 que, no intervalo entre uma e outra encarnação, o Espírito escolhe o gênero de provas por que há de passar na vida terrena.
Todos temos liberdade de escolha, em que as provações da vida nascem de nossas opções, dentro das necessidades evolutivas de cada um.
Há muitos desafios na experiência terrena, entre estes são previstos apenas os fatos principais no percurso de cada um.
As nossas escolhas não são um roteiro de filme, em que cada minuto é minuciosamente planejado. Por isso, não se pode dizer que, por lhe cair uma telha na cabeça, isto estava escrito.
O que caracteriza as provas da existência é a oportunidade de escolha, sua possível repetição e a condição proveitosa em se transpor os sofrimentos terrenos.
Superar a prova é um motivo de grande júbilo para o Espírito, apesar da incompreensão quando inserido na vida material, padecendo de dores de variado matiz e desafiado a enfrentá-las.
Pode-se comparar a prova como o tratamento com um remédio de uso demorado, em que as crises da enfermidade moral se atenuarão à medida que o Espírito, usando de coragem e de resignação, for superando a dificuldade que motivou seu atraso evolutivo. Exemplo disso é o que se encontra nos vícios.
O indivíduo que prejudicou a encarnação por um vício pode ser confrontado com ambientes e elementos de viciação semelhantes aos que geraram a dor em seu passado, tantas vezes quanto necessitar, até que um dia, consciente da angústia e do sofrimento vivenciado para si e para outros, possa se libertar deste contexto doloroso e seguir sua marcha evolutiva sem a necessidade de tal prova.
Não se trata de punição, mas da aplicação de leis divinas, vinculadas à liberdade de escolhas que atende a todos nós.
Segundo a questão nº 399 do Livro dos Espíritos, não se pode tirar para as provas uma regra absoluta, uma vez que geralmente elas dizem respeito ao passado, contudo, podem também representar alguma qualidade a ser desenvolvida visando as experiências futuras do Espírito.
De acordo com Emmanuel, assim é a diferença entre provação e expiação: “A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime. ” (XAVIER, 2000, p.147)
Expiações referem-se ao processo de uma culpa, em que o Espírito é apresentado a um contexto em que possa avançar moralmente por meio uma experiência equivalente a que infligiu a outrem no passado.
“Expiação é o castigo imposto pelo erro praticado; é sofrer o que fez outro sofrer. É proporcional ao nível de adiantamento alcançado pelo Espírito e precisa ser antecedida pelo arrependimento. Enquanto o culpado mostrar-se endurecido, indiferente ou revoltado, permanecerá nas zonas espirituais de sofrimento (umbral, trevas).
Quando desponta o primeiro sinal de arrependimento pelo mal praticado, missionários do bem eterno começam a visitar o infeliz, ensinando-o e estimulando-o à auto reforma; depois, levam-no para casas ali mesmo situadas onde ele é atendido e reeducado até o ponto possível para a reencarnação expiatória. ” [...] “Numa fase posterior, haverá a reparação, isto é, o esforço no reajustamento da vítima ou a devolução do que lhe é devido. Muitíssimas vidas estão centradas em torno da necessidade de reparar males anteriormente feitos a outros.” (RIZZINI, 2003, p.159).
As expiações podem ser tanto de ordem individual quanto coletiva.
ENFRENTAMENTO DAS PROVAS E EXPIAÇÕES
O enfrentamento das provas e das expiações é mais meritório para o Espírito conforme sua resignação, de maneira a torná-las mais proveitosas a sua evolução. “Para sermos resignados precisamos aprender a não lamentar a nossa sorte e a aceitar com submissão paciente os sofrimentos da vida.
Pelo que já entendemos do valor que representa o sofrimento, no burilamento do nosso espírito, nas ações corretivas ao nosso orgulho, como colheita dos males que tenhamos plantado ontem, é a resignação o melhor testemunho da nossa compreensão, a melhor prova do nosso amor a Deus.
Nada nos acontece por acaso, e nos dói exatamente no local onde mais carecemos de remédio. Onde somos atingidos pelo sofrimento é também onde mais necessariamente a corrigenda deve ser feita.” (PERES, 2007, p.130)
Segundo Joanna De Ângelis: “Provas e expiações de qualquer monta são necessidades elaboradas por nós próprios, a fim de repararmos as faltas cometidas, encontrando na dor que se deve superar os recursos valiosos para a libertação dos gravames inditosos e a paz da consciência. Não são, portanto, desgraças reais os chamados infortúnios, conforme conceituam as convenções do utilitarismo e do imediatismo.
O verdadeiro infortúnio pode ser encontrado na ausência da fé em Deus com o impositivo de prosseguir-se caminhando entre dores e desesperações sem os arrimos abençoados da crença e da esperança.
Infortunados estão aqueles que traíram a consciência e se enganaram, a si mesmos, não se dando conta do delito apesar do apelo da razão que desperta e deseja fixar-se vitoriosa sobre o instinto. ” [...] “Assim, a dor e o agravo, a angústia e o desespero são vigorosas terapêuticas da vida para que o enfermo espiritual inveterado se preocupe com a cura real e se volte em definitivo para os elevados objetivos da Vida Maior, em cujo rumo se encontra desde agora, lá chegando quando a desencarnação o despir da transitória indumentária em que marcha tentando a felicidade que só mais tarde alcançará depois de resgatados os compromissos atrasados. ” (FRANCO, 1992, p.64-66)
Os maiores recursos que dispomos para enfrentamento das provas e expiações são a resignação, o autoconhecimento e a fé na justiça divina.
Nada ocorre por acaso, assim precisamos refletir sobre os processos dolorosos que nos surgem ao longo da vida, confrontando nossas fraquezas morais, sempre conscientes de que seu enfrentamento se afina a nossas necessidades evolutivas e nossas possibilidades de crescimento para merecermos acesso a mundos mais felizes.
REFERÊNCIAS
FRANCO, Divaldo Pereira, médium, Joanna De Ângelis, Espírito. Após a tempestade... Salvador-BA: LEAL, 6ª. ed., 1992.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Introdução VI, Questões nº. 113, 132, 167, 178, 246, 258, 266, 332 e 623.
PERES, Ney Prieto. Manual prático do espírita. São Paulo: Pensamento, 14ª. ed. 2007. RIZZINI, Carlos Toledo. Evolução para o terceiro milênio - tratado psíquico para o homem moderno. Sobradinho-DF, Edicel, 15ª ed., 2003.
XAVIER, Francisco Cândido, médium, Emmanuel, Espírito. O Consolador. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 22ª. ed., 2000