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AULA 21 - A FÉ TRANSPORTA MONTANHAS

bonnes études

Expositor Arnaldo

Matériel complémentaire

Contenu du cours

O PODER DA FÉ
Quando Ele veio ao encontro do povo, um homem se lhe aproximou e, lançando-se de joelhos a seus pés, disse: “Senhor, tem piedade do meu filho, que é lunático e sofre muito, pois cai muitas vezes no fogo e muitas vezes na água. Apresentei-o aos teus discípulos, mas eles não o puderam curar.”
— Jesus respondeu, dizendo: “Ó raça incrédula e depravada, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui esse menino.”
— E tendo Jesus ameaçado o demônio, este saiu do menino, que no mesmo instante ficou são. Os discípulos vieram então ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: “Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio?”
— Respondeu-lhes Jesus: “Por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: “Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível. ” (Mateus, 17:14 a 20).
No sentido próprio, é certo que a confiança nas suas próprias forças torna o homem capaz de executar coisas materiais, que não consegue fazer quem duvida de si. Aqui, porém, unicamente no sentido moral se devem entender essas palavras. As montanhas que a fé desloca são as dificuldades, as resistências, a má vontade.
Os preconceitos da rotina, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo e as paixões orgulhosas são outras tantas montanhas que barram o caminho a quem trabalha pelo progresso da Humanidade.
A fé robusta dá a perseverança, a energia e os recursos que fazem se vençam os obstáculos, assim nas pequenas coisas, que nas grandes.
Da fé vacilante resultam a incerteza e a hesitação de que se aproveitam os adversários que se têm de combater.
A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado.
A fé vacilante sente a sua própria fraqueza; quando a estimulada pelo interesse, torna-se furibunda e julga suprir, com a violência, a força que lhe falece.
A verdadeira fé se conjuga a humildade; aquele que a possui deposita mais confiança em Deus do que em si próprio, por saber que, simples instrumento da vontade divina, nada pode sem Deus. Por essa razão é que os bons Espíritos lhe vêm em auxílio.
O poder da fé se demonstra, na ação magnética.

A FÉ RELIGIOSA. CONDIÇÃO DA FÉ INABALÁVEL
Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas especiais, que constituem as diferentes religiões. Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinada ou cega.
A fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso produz o fanatismo.
Somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque nada tem a temer do progresso das luzes. Diz-se vulgarmente que a fé não se prescreve, donde resulta alegar muita gente que não lhe cabe a culpa de não ter fé.
Não é à fé que compete procurá-los; a eles é que cumpre ir-lhe ao encontro e, se a buscarem sinceramente, não deixarão de achá-la.
Essa facilidade de assimilar as verdades espirituais é sinal evidente de anterior progresso. Em outras pessoas, ao contrário, elas dificilmente penetram, sinal não menos evidente de naturezas retardatárias.
As primeiras já creram e compreenderam; trazem, ao renascerem, a intuição do que souberam: estão com a educação feita; as segundas tudo têm de aprender: estão com a educação por fazer.
A resistência do incrédulo, muitas vezes provém menos dele do que da maneira por que lhe apresentam as coisas.
A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender. A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa.
A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.

PARÁBOLA DA FIGUEIRA SECA
E ao outro dia, como saíssem de Betânia, teve fome. E tendo visto ao longe uma figueira, foi lá a ver se acharia nela alguma coisa; e quando chegou a ela, nada achou, senão folhas, porque não era tempo de figos.
E falando-lhe disse: Nunca jamais coma alguém fruto de ti para sempre; o que os discípulos ouviram.
E no outro dia pela manhã, ao passarem pela figueira, viram que ela estava seca até as raízes. Então, lembrando Pedro, disse para Jesus: Olha, Mestre, como secou a figueira que tu amaldiçoaste.
E respondendo Jesus, lhes disse: Tende fé em Deus. Em verdade vos afirmo que tudo o que disse a este monte: Tira-te daí e lança-te ao mar, e isto sem hesitar no seu coração, mas tendo fé de que tudo o que disser sucederá, ele o verá cumprir assim. (Marcos, XI: 12-14 e 20-23).
A figueira que secou é o símbolo dos que apenas aparentam propensão para o bem, mas na realidade nada de bom produzem; dos oradores que mais brilho têm do que solidez, cujas palavras trazem superficial verniz, de sorte que agradam apenas aos ouvidos.
O que muitas vezes falta é a verdadeira fé, a fé produtiva, a fé que abala as fibras do coração, a fé, numa palavra, que transporta montanhas.
São árvores cobertas de folhas, porém, baldas de frutos. Por isso é que Jesus as condena à esterilidade, porquanto dia virá em que se acharão secas até a raiz.
Quer dizer que todos os sistemas e todas as doutrinas, que nenhum bem para a Humanidade houverem produzido, cairão reduzidas a nada.
Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos; suprem a falta de órgãos materiais pelos quais transmitam suas instruções.
Daí vem o serem dotados de faculdades para esse efeito. Nos tempos atuais, de renovação social, cabe-lhes uma missão especialíssima; são árvores destinadas a fornecer alimento espiritual a seus irmãos; há-os por toda a parte, em todos os países, em todas as classes da sociedade, entre os ricos e os pobres, entre os grandes e os pequenos, a fim de que em nenhum ponto faltem e a fim de ficar demonstrado aos homens que todos são chamados.
Se, porém, eles desviam do objetivo providencial a preciosa faculdade que lhes foi concedida, se a empregam em coisas fúteis ou prejudiciais, se a põem a serviço dos interesses mundanos, se em vez de frutos sazonados dão maus frutos, se recusam-se a utilizá-la em benefício dos outros, se nenhum proveito tiram dela para si mesmos, melhorando-se, são quais a figueira estéril. Deus lhes retirará um dom que se tornou inútil neles: a semente que não sabem fazer que frutifique, e consentirá que se tornem presas dos Espíritos maus.

REFLEXÕES SOBRE A FÉ
Jesus nos mostrou quanto pode o homem que tem fé, que tem aquela vontade de querer e a certeza de que sua vontade irá se cumprir.
A fé sincera é contagiante, se espalha sobre aqueles que não a possuem, enquanto que a fé vacilante só tem palavras, deixando as outras criaturas indiferentes.
A fé deve ser ativa, é a mãe de todas as virtudes que nos levam a Deus, tendo como consequências a esperança e a caridade. Ela desperta no homem os sentimentos que o conduzem ao bem.
A fé pode ser divina ou humana, conforme a aplicamos para a realização de nossas necessidades terrenas ou aspirações celestiais.
O homem que se dedica à realização de seus empreendimentos terrenos triunfa se tem fé, a certeza da realização de seus desejos. O homem de bem, preenchendo sua vida com realizações nobres e belas, tem na sua fé, a certeza da felicidade que o espera, tirando dela forças para realizar milagres da caridade, do devotamento e da abnegação.
Se todos encarnados estivessem suficientemente persuadidos da força que trazem consigo, e colocassem sua vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar verdadeiros prodígios.

BIBLIOGRAFIA
Kardec, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIX.

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