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Livre-arbítrio é a capacidade do ser exercer a sua vontade para tomar decisões e determinar a sua própria conduta, em outras palavras, é a possibilidade que ele tem de escolher entre duas ou mais razões aquela que mais lhe interessa, lembrando-o a agir de acordo com a sua vontade.
Mas qual é a extensão dessa faculdade? Alguns querem considerá-la absoluta, mas não há como não reconhecermos os eventos malsucedidos a que estamos sujeitos e que dão ao livre-arbítrio, uma conotação relativa.
Outra questão: em que momento da sua evolução o ser começa a exercer o livre-arbítrio?
Precisamos aqui, nos reportar ao momento da criação do princípio inteligente, quando começa, sem detença, a caminhada através dos reinos da natureza.
Inicialmente, não consideremos o livre-arbítrio, pois é um determinismo divino que conduz o ser em sua evolução.
Esse princípio espiritual, sedento de trabalho, de experiências e aquisições, inicia-se nos minerais, vivência nesse reino todo o possível e procura o reino vegetal para mais aquisições em épocas incontáveis, até alçar-se ao reino animal, onde passa por inúmeras elaborações. É o momento onde se inicia a individuação. Até aqui funciona o determinismo. Estamos falando de um trabalho de milênios.
A partir daí o princípio espiritual já é um Eu, uma individualidade com recursos apropriados e imensuráveis.
Diz André Luiz em “No Mundo Maior”: “O princípio espiritual, desde o obscuro momento da criação, caminha sem detença para frente. Viajou do simples impulso para a irritabilidade, da irritabilidade para a sensação, da sensação para o instinto, do instinto para a razão”.
Em “O Livro dos espíritos”, na questão 607-a, dizem os espíritos: “É então que começa para ele o período de humanidade e, com este, a consciência de seu futuro, a distinção do bem e do mal e a responsabilidade dos seus atos”.
É aqui que podemos falar em livre-arbítrio.
Lembremos que o princípio central da Lei de Deus é a evolução e para isso o livre-arbítrio é progressivo e relativo, evoluindo à medida que a razão se desenvolva.
“Crescendo a razão, aumenta a liberdade de decidir: os padrões fixos de comportamento cedem lugar à opção inteligente. Em suma, o livre-arbítrio é uma conquista evolutiva. E, com ele, desponta um novo fator moral – responsabilidade ou necessidade de enfrentar as consequências dos atos praticados, que a lei impõe a todos”. Carlos Toledo Rizzini, em “Evolução para o terceiro Milênio”.
Vimos então, que o exercício do livre-arbítrio pressupõe responsabilidade. Somos, cada um de nós, os artífices de nossa caminhada, porque temos liberdade de escolha, embora relativa. A mecânica de ações e reações se processa subjetivamente em cada um de nós, inscrita nos arquivos de nossa consciência.
Chegados ao reino hominal somos capazes de discernir sobre o que é bom ou mau para nós e, também para os outros. Precisamos estar conscientes de que cada ação corresponde uma reação semelhante; que a nossa evolução será mais rápida ou mais lenta, conforme saibamos fazer as escolhas certas que garantem nossa liberdade de pensar e agir, sem interferir ou prejudicar o livre-arbítrio do outro.
Importante colocar que a magnanimidade de Deus coloca em nosso caminho, espíritos amigos que nos auxiliam, sugerindo-nos as melhores soluções.
Essa influência benéfica não agride nosso livre-arbítrio, porque somos livres para aceitar ou não as sugestões.
Mas, é do nosso interesse que estejamos atentos a essa atividade dos bons espíritos, nos auxiliando em nossa evolução.
É comum o pensamento de haver fatalidade nos acontecimentos da vida, naqueles nos quais não conseguimos nos esquivar, mas isso está ligado às escolhas que fizemos antes de encarnar, sabendo ser importante enfrentar tal ou qual prova. Mesmo assim, muitas vezes, podemos mudar esse fator, usando nosso livre-arbítrio.
Importante é procurarmos usar bem nosso livre-arbítrio, fazendo as escolhas condizentes com as leis divinas, o que vai acelerar nosso progresso.
BIBLIOGRAFIA
Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos, Livro III, Lei de Liberdade, questões 843 a 850.
Andrea dos santos, Jorge, Impulsos Criativos da Evolução, cap. II.
Rizzini, Carlos Toledo, Evolução para o Terceiro Milênio, cap. IV, item 13.