
AULA 31 PERISPÍRITO
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, estudaremos as relações entre perispírito e mediunidade.
Faz se necessário antes de adentrarmos no estudo alguns esclarecimentos acerca do assunto.
O seu conhecimento não se deu com o Espiritismo. A palavra Perispírito foi empregada pela primeira vez
por Allan Kardec. Antes de Allan Kardec, já se tinha o conhecimento deste corpo fluídico.
Ele foi reconhecido pela igreja desde os primeiros tempos. Tertuliano, Basilio, Evódio, Agostinho e muitos
outros. Ele vem recebendo os mais diversos nomes. Como: mano-maya-kosha na Índia, baodhas no
ZendAvesta, dos Persas, Khi na tradição chinesa, corpo astral entre os hermetistas, alquimistas,
esoteristas, teosofistas e outros nomes.
Estaremos abordando as ligações entre o Perispírito e a mediunidade. Quais os efeitos e como acontece.
Não temos a intenção de passar tudo a este respeito, para isto seria necessário um estudo muito
aprofundado dentro do tema.
O QUE É O PERISPÍRITO?
Perispírito (do gr. peri, em torno, e do lat. spiritus, alma, espírito) é o envoltório sutil e perene da alma,
que possibilita sua interação com os meios espiritual e físico.
L.E. 93 – O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está sempre
envolto numa substância qualquer?
“Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mais ainda bastante grosseira para nós; assaz
vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.”
Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por
comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.
L.E. 94 – De onde tira o Espírito o seu invólucro semimaterial?
“Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos. Passando de um
mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.”
Perispírito, corpo espiritual e psicossoma – mesmo sentido.
“A alma é, pois, um ser simples; o Espírito um ser duplo e o homem um ser triplo.” (O Que é o Espiritismo).
PROPRIEDADES DO PERISPÍRITO
Plasticidade – molda de acordo com o seu comando, contudo, tal possibilidade de alterar a indumentária
perispiritual é limitada ao padrão evolutivo, intrínseco a cada alma;
Densidade – não deixa de ser matéria;
Ponderabilidade - não apresenta um peso possível de ser detectado;
Luminosidade – como a densidade – desponta como uma característica muito pessoal do Espírito;
Penetrabilidade – a natureza etérea do perispírito permite ao Espírito – se presentes as necessárias
condições mentais – atravessar qualquer barreira física;
Visibilidade – o perispírito é completamente invisível aos olhos físicos;
Tangibilidade – o perispírito, com o devido suporte ectoplásmico, pode tornar-se materialmente tangível;
Sensibilidade Global – percepção total;
Sensibilidade Magnética – o perispírito, campo de força que é, a sustentar uma estrutura semimaterial,
apresenta-se, como não poderia deixar de ser, particularmente sensível à ação magnética. Ex.: passes
Expansibilidade – o perispírito, intrinsecamente indivisível, pode, entretanto, conforme suas condições
expandir-se, aumentando, inclusive, o campo de percepção;
Bicorporeidade – apresentar-se com outro corpo, de forma igual ao do físico;
Unicidade – a estrutura perispíritica, como reflexo da alma, é única. Não há perispíritos iguais, como, a
rigor, inexistem almas idênticas;
Perenidade – o perispírito tem a marca da perenidade. Não se pode imaginar a alma sem o perispírito,
seu reflexo e ponto de contato com a realidade que a envolve e que se apura, se aprimora, com a própria
evolução dessa. O corpo espiritual é indestrutível como a própria alma;
Mutabilidade – pode mudar com relação a sua estrutura e forma;
Odor – odores perispirituais;
Funções do Perispírito
Função Instrumental – servir de instrumento à alma, em sua interação com os mundos: espiritual e físico;
Função Individualizadora – alma é única e diferenciada;
Função Organizadora – plano diretor – processo reencarnatório;
Função Sustentadora – estabilidade do ser humano.
MEDIUNIDADE
Mediunidade é a natural aptidão para intermediar os Espíritos.
“Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da natureza material,” mostra Allan
Kardec, “outorgou Deus ao homem a vista corpórea, os sentidos e instrumentos especiais”. Com o
telescópio ele mergulha o olhar nas profundezas do espaço e com o microscópio, descobriu o mundo dos
infinitamente pequenos. Para penetrar no mundo invisível, deu-lhe a mediunidade.
“A mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino Mestre aos
tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra.”
Lembra EMMANUEL, por intermédio de Francisco C. XAVIER. "Sendo luz que brilha na carne, a
mediunidade é atributo do espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da
criatura terrena, enriquecendo todos seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre que se
encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo.”
Embora a mediunidade seja principalmente considerada como envolvendo desencarnados e encarnados e
esse é o aspecto mais significativo. Importante é lembrar que ela, também, não só pode ocorrer entre
Espíritos desencarnados como, ainda que raramente, entre os próprios encarnados.
Seja qual for o tipo de manifestação mediúnica, o perispírito é sempre o principal elemento a ser
considerado.
O períspirito assinala Allan Kardec, "é o princípio de todas as manifestações. O conhecimento dele foi a
chave da explicação de uma imensidade de fenômenos.”
E fácil perceber a importância do tema quando se compreende, de primeiro, que, constituindo, como já
visto, um campo aglutinador de energia cósmica adequada à Terra, a envolver a alma, o períspirito integra
o Espírito. Segundo, que em se tratando de mediunidade no plano material a faculdade mediúnica não é a
rigor, do corpo (ainda que condicionada a possibilidades nervosas que se elaboram na morfogênese, sob
o impulso perispiritual do reencarnante), porém, do Espírito, como mostra claramente "O Livro dos
Espíritos": "Todas as percepções constituem atributos do Espírito e lhe são inerentes ao ser”.
E finalmente que, por suas condições, pois já se trata de uma estrutura de natureza mais próxima da
matéria o períspirito é o fator de contato e comunicação entre os mundos: espiritual e físico. Assim, se
quase sempre o processo mediúnico ocorre substancialmente, mente a mente, o períspirito é o
instrumento tanto do comunicante, como do médium.
Nesse contexto, importa considerar, ainda, alguns fatores especiais relacionados com o processo
mediúnico, como, por exemplo, os que dizem com a aura e com a compatibilidade entre as partes,
principalmente, nas modalidades mediúnicas classificadas por Allan Kardec como de efeitos intelectuais.
Outro ponto, não menos importante: “Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perispírito
desempenha importante papel em todos os fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos fenômenos
fisiológicos e patológicos”.
Importa considerar que o perispírito não se acha encerrado nos limites do corpo, como numa caixa. Pela
sua natureza fluídica, ele é expansível, irradia para o exterior e forma, em torno do corpo, uma espécie de
atmosfera que o pensamento e a força da vontade podem dilatar mais ou menos. Tal propriedade,
chamada expansibilidade, permite que as pessoas se comuniquem entre si e permutem, à revelia,
impressões, sentimentos e até pensamentos.
“É por meio da perispírito que os Espíritos atuam sobre a matéria inerte e produzem os diversos
fenômenos mediúnicos”.
Da mesma forma, comunicam-se com os encarnados, transmitem-lhes bons ou maus pensamentos, de
acordo com o grau de moralidade que possuem, ou transmitem informações corretas ou equivocadas,
segundo o conhecimento que tenham. Produzem obsessões e são capazes de se imiscuir na vida dos
que vivem no plano físico.
Para encerrar temos as considerações magnificas de José Herculano Pires.
O ato mediúnico é o momento em que o espírito comunicante e o médium se fundem na unidade psico-
afetiva da comunicação.
O espírito aproxima-se do médium e o envolve nas suas vibrações espirituais. Essas vibrações irradiam-se
do seu corpo espiritual atingindo o corpo espiritual do médium.
A esse toque vibratório, semelhante ao de um brando choque elétrico, reage o perispírito do médium.
Realiza-se a fusão fluídica. Há uma simultânea alteração no psiquismo de ambos. Cada um assimila um
pouco do outro. Uma percepção visual desse momento comove o vidente que tem a ventura de captá-la.
As irradiações perispirituais projetam sobre o rosto do médium a máscara transparente do espírito.
Compreende-se então o sentido profundo da palavra intermúndio. Ali estão, fundidos e ao mesmo tempo
distintos, o semblante radioso do espírito e o semblante humano do médium, iluminado pelo suave clarão
da realidade espiritual. Essa superposição de planos dá aos videntes a impressão de que o espírito
comunicante se incorpora no médium. Daí a errônea denominação de incorporação para as manifestações
orais.
O que se dá não é uma incorporação, mas uma interpenetração psíquica, como a da luz atravessando
uma vidraça.
Ligados os centros vitais de ambos, o espírito se manifesta emocionado, reintegrando-se nas sensações
da vida terrena, sem sentir o peso da carne.
O médium, por sua vez, experimenta a leveza do espírito, sem perder a consciência de sua natureza
carnal, e fala ao sopro do espírito, como um intérprete que não se dá ao trabalho da tradução.
BIBLIOGRAFIA
(PIRES, J. Herculano. "Mediunidade". 2. ed.,
PAIDÉIA, 1992, cit., p. 37: Cap. V).
Zimmerman, Zalmino. Perispírito. 3. Ed. Campinas: Allan Kardec, 2006.
O Livro dos Espíritos – Tradução - Pires, J. Herculano.
(KARDEC, Allan. "O Evangelho Segundo o Espiritismo". 109. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1994, pp. 396 e
397: Cap. XXVIII, n. 9. Trad. Guillon Ribeiro).
XAVIER, Francisco Cândido. "O Consolador". 16. ed., FEB, 1993, cit., pp. 213 e 214, questão 382
(V. KARDEC, Allan. "O Livro dos Médiuns". 61. ed., FEB, 1995, cit., p. 146: Cap. VI, 2.a P., n. 109).
(XAVIER, Francisco Cândido. VIEIRA, Waldo. ANDRÉ LUIZ, Espírito. "Evolução em Dois Mundos". 13.
ed., FEB, 1993, cit., p. 130: Cap. XVII).
O seu conhecimento não se deu com o Espiritismo. A palavra Perispírito foi empregada pela primeira vez
por Allan Kardec. Antes de Allan Kardec, já se tinha o conhecimento deste corpo fluídico.